ITA: O Protagonismo das Pedras

ITA: O Protagonismo das Pedras | 2018

Do Tupi-Guarani, Ita é Pedra: sinônimo de força, firmeza, resistência.

As pedras acompanham o ser humano em sua jornada pelo mundo, sendo parte de um dos quatro elementos que formam a matéria terrestre. Elas nos encantam, nos desafiam, nos completam. Estão lá, no fundo dos rios, no solo dos campos e montanhas, nas rochas, no fundo dos oceanos. São testemunhas do tempo e da eterna capacidade escultórica da erosão.  Solitárias e silenciosas, falam tanto da vida, sem tê-la. Falam da diversidade da natureza ao se mostrarem em tantas formas, cores e texturas.  São arte para os olhos, abrigo para o corpo e arma contra inimigos.

Seu magnetismo levou artistas de todos os tempos a transpor suas características de resistência e criar obras de arquitetura e de escultura. Hoje, a linguagem da fotografia possibilita ir além ao permitir que o artista trabalhe questões estéticas e metafóricas das pedras.

André Paoliello, paisagista e fotógrafo, trás para esta exposição individual seu olhar de observador da natureza numa série dedicada a pedras. E nos leva para um passeio por texturas, cores e formas que traduzem a sua sensibilidade.

Seu interesse por elas viria do seu ofício de paisagista ou seria justo o contrário, o seu olhar de artista que encontraria em um mineral um universo de possíveis discursos estéticos?

Não importa. O resultado do seu trabalho como paisagista  e como fotógrafo é absolutamente artístico. Como paisagista, André trás a natureza selvagem e exuberante para uma discreta organização e composição. As pedras estão lá, com frequência. E para a fotografia, André trás a referência do Landscape,  gênero de pintura de natureza, e de mestres da escultura como Brancusi, além da sua experiência com a natureza.

O resultado são imagens quase abstratas, de enormes possibilidades de interpretação. Algumas fotografias aproximam a textura das pedras da textura de peles humanas, peles morenas, brancas, macias que se sobrepõem umas às outras numa cadência de encaixes perfeitos. São imagens suaves, sensuais, como um som que tranquiliza, uma água que escorre lentamente, um último raio de sol que acaricia a cena escolhida pelo artista.

Outras fotografias revelam um olhar pictórico da natureza. São quase-pinturas que revelam uma percepção apurada das possibilidades de cor, luz e formas que nos cercam.

Na exposição André apresenta uma instalação feita de pedras construídas por ele com materiais variados. Mostra que seu olhar não é só de um fotógrafo ou de um pintor, mas sim a de um artista com interesses múltiplos.

GEORGIA LOBACHEFF